terça-feira, 18 de setembro de 2007

O MINHOCÃO DO MORUMBI

Prezados Moradores

Ao longo das últimas semanas demos início a uma ampla mobilização dos moradores do Bairro do Morumbi para avaliação do novo projeto de uma nova avenida que ligará o bairro do Panamby até a Avenida Prof. Flávio Américo Maurano (para quem não conhece o vulgo “Ladeirão” da Giovanni Gronchi), desembocando na avenida Morumbi ou alternativamente (grande preocupação dos moradores e não existe a garantia que não venha ocorrer alteração do projeto futuramente), cruzando a Rua Senador Otávio Mangabeira indo até o cruzamento da avenida Giovanni Gronchi com Estádio do Morumbi. Duas questões importantes para iniciarmos um debate aberto e construtivo:

1. Não queremos um novo minhocão, uma obra que com o intuito de resolver um problema causará um grande impacto na infra-estrutura e qualidade de vida do bairro do Morumbi. Para quem não se lembra do impacto daquela obra, basta recordar através de um fragmento de um artigo, dentre tantos publicados, especificamente intitulado “Prêmio Minhocão”, citado na coluna Urbanidade, Folha on-line de 11.06.2003 assinado pelo jornalista Gilberto Dimenstein.
“Inaugurado em 25 de janeiro de 1971 pelo então prefeito, Paulo Maluf, o Minhocão, como foi apelidado o elevado Costa e Silva, é o melhor símbolo paulistano da supremacia do carro sobre a cidade. Estragou a paisagem dos prédios, alguns deles de classe média e alta, cujos moradores passaram a conviver com um ruído permanente e com a poluição dos carburadores. A cobertura de 3,4 km de extensão atraiu moradores de rua e ajudou a deteriorar a avenida São João em particular e o centro da cidade em geral.”

Logicamente não é necessário fazer uma via expressa elevada para se causar um impacto semelhante no bairro em todas as residências lindeiras e adjacentes. O Projeto poderá causar um impacto semelhante ao minhocão ao permitir que um grande fluxo de veículos leves e pesados venham a comprometer toda a infra-estrutura viária em um processo de contaminação (veículos de passagem), degradação (solapamento de ruas), enchentes (redução da permeabilidade), urbanístico (mudança de zoneamento para imóveis comerciais), etc..

2. Não queremos uma obra que cause um impacto ambiental sobre o bairro. A Sociedade dos Moradores do Morumbi entende que o novo projeto contribuirá de forma determinante para um aumento da temperatura do bairro, aumento da poluição de gases expelidos pelos automóveis, assim como da poluição sonora. Fazendo referência também a um artigo que trata do tema, referente a um estudo da pesquisadora Magda Lombardo da UNESP – livro “ilhas de Calor”:

“O modelo de desenvolvimento de metrópoles como São Paulo, principalmente nos últimos cinqüenta anos, tem como uma de suas principais conseqüências negativas o excessivo aquecimento de seus espaços. Nesses locais, ocorrem as chamadas “ilhas de calor”, fenômeno que se caracteriza pelo aumento da temperatura do ar em relação ao meio rural ou regiões menos urbanizadas das vizinhanças, principalmente à noite. Sua origem está na redução das áreas verdes e na ocupação do ambiente urbano por obras de concreto e asfalto, adensamento populacional e poluição gerada pelas indústrias e circulação de automóveis.”.

Este dois argumentos deveriam ser considerados primeiramente pelo poder público naquilo que toca ao planejamento de inicial de qualquer projeto de grande impacto, através de um amplo debate com os moradores. Não devemos nos esquecer que o mais importante neste momento é cobrar do poder público 100% de transparência sobre os objetivos da obra e ampliar a discussão com todos os moradores do Bairro do Morumbi e bairros adjacentes.

Para finalizar é importante deixar claro que pelo fato de não concordarmos com algo, até que sejamos convencidos do contrário, também é nossa preocupação trazer para o centro das discussões, soluções (vide projeto da ponte Panamby), para se promover um amplo debate com os moradores do Panamby e Morumbi, o poder público municipal e os empreendedores imobiliários. Aliás, fica a sugestão para que os incorporadores imobiliários firmem um compromisso com a sociedade no sentido de demonstrar que os mesmos estão preocupados em colaborar com ampliação da infra-estrutura do bairro que vem crescendo a taxas elevadas e não vender apenas sonhos para os futuros moradores.

Bruno Amadei Jr
Diretor – ONG S.M.Morumbi

3 comentários:

Anônimo disse...

Sr. Diretor da ONG SMM
O Município de São Paulo não comporta a enxurrada de veículos que não para de crescer-cerca de 5%ao mes-(dados da anfavea).O Morumbi é um ícone desta cidade e o que se pretende ,pelo que entendi,é preservá-lo.Portanto,tudo que deteriolá-lo deve ser veementemente atacado ,pois será prejudicial ao Município.

Anônimo disse...

Se esses Senhores realmente estivessem preocupados com o bairro e o impacto ambiental que novos projetos possam lhe causar, obras como o condomínio Ventana da Cyrela nunca existiriam. Somente naquele empreendimento as vidas de milhares de árvores foram ceifadas sem pudor. Pelo que eu saiba, existe um projeto para se transformar praticamente toda aquela área verde que fica do lado oposto do Parque Burle Marx em novos empreendimentos. Novas torres para ainda mais moradores. Onde estão estes hipócritas quando nossa pequena reserva de mata é colocada em perigo? Quais são os projetos dessa Associação para proteger as matas que ainda nos restam?
Agora fingem se mostrar preocupados com o impacto ambiental que a nova via poderá causar ao bairro? Façam-me o favor. Caso vocês não tenham entendido, com a nova via pretende-se transferir 40% do tráfego da Av. Giovanni Gronchi. Transferir. Ou seja, o número de veículos na única Av. do Bairro cairia quase pela metade, melhorando consideravelmente o fluxo do tráfego em nosso bairro.
Eu penso que a nova via é de extrema importância para o Morumbi, mas não creio que seja a única medida necessária. Me pergunto: Não seria interessante aproveitar a nova via para se criar um sistema de transporte público mais eficiente no bairro? Porque não fazer uma ligação de metrô entre a Linha 5 Lilás no Terminal João Dias e a Linha 4 Amarela na Francisco Morato? Como a nova via prevê um canteiro central de 2 metros de largura, seria o espaço ideal para se projetar uma linha de metrô muito mais barata, sem a necessidade de construí-la no subterrâneo.
O trecho poderia contar com três ou quatro estações e ajudar a retirar muitos veículos de nossas ruas.
Por que não lutamos por isso e pela manutenção de nossas florestas? Devíamos pleitear junto a prefeitura que tornasse toda aquela área verde em frente ao Parque Burle Marx em reserva permanente, já que é um dos poucos pulmões verdes que ainda restam na cidade.

Anônimo disse...

Lamentável que se destrua uma das poucas áreas verdes da cidade, num projeto que esquece completamente as linhas modernas de urbanização e relembram o minhocão. Talvez seja como o "novo minhocão"que nosso prefeito queira ser lembrado